Bates Motel: ótima surpresa que respeita “Psicose”
20/6/2013
O seriado “Bates Motel” conseguiu o que parecia impossível: fazer um prequel sem ofender “Psicose”, uma das obras-primas de Alfred Hitchcock, baseada no livro escrito por Robert Bloch. Todos nós sabemos como será o final do personagem Norman Bates; a série busca contar como ele chegou àquele ponto. O longa do mestre do suspense teve ainda três sequências (duas para o cinema e uma para a TV) de qualidade irregular, fora a desnecessária refilmagem feita plano a plano por Gus van Sant.
O grande trunfo de “Bates Motel” reside na dupla de protagonista Freddie Highmore e Vera Farmiga. Highmore interpreta Norman Bates com extrema sutileza, conseguindo personificar diversos maneirismos que Anthony Perkins criou para o filme original. É interessante ver em Freddie Highmore o Norman de Perkins, numa espécie de caricatura, mas, ao mesmo tempo, ele cria algo único, que faz o público, mesmo sabendo em que ele irá se transformar, não conseguir deixar de torcer pelo personagem – além de até mesmo sentir pena dele. Vera Farmiga interpreta Norma, a mãe de Norman, também de forma brilhante, dando vida a uma mulher desequilibrada e insana. Outra boa surpresa do elenco é Max Thieriot, que vive Dylan, o meio-irmão de Norman. Thieriot faz uma espécie de rebelde inspirado em James Dean, que serve como o elemento de equilíbrio na família.
Mais um aspecto interessante é a forma como os criadores Carlton Cuse (produtor executivo de “Lost”), Kerry Ehrin (roteirista de “Friday night lights”) e Anthony Cipriano (criador de “Bates Motel”) conceberam a fictícia White Pine, no Oregon. O lugar funciona como um personagem; seus habitantes escondem o lado sombrio de suas personalidades em meio à configuração idílica da cidade pequena norte-americana. Às vezes, parece que Norman é a pessoa mais normal de White Pine, tamanha a podridão humana que tem por lá, incluindo a polícia. Talvez por causa disso, Norman tenha passado tantos anos despercebido, morando em sua casa próxima do hotel. Percebe-se na série uma forte influência de “Twin Peaks”, de David Lynch, prova de que até hoje a criação do diretor continua sendo uma referência.
“Bates Motel” já teve toda a sua primeira temporada (10 capítulos) exibida com sucesso nos EUA. A Universal Television (A&E) confirmou, já no terceiro episódio, a segunda temporada, graças à ótima recepção do público e da crítica especializada. Agora, o ator Freddie Highmore está no Rio de Janeiro para divulgar a série. Visita bem-vinda, já que, pelo menos nesta primeira temporada, os realizadores respeitaram a criação de Alfred Hitchcock, transformando o seriado em algo digno de ser associado ao filme original.

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